As diferenças fisiológicas baseadas no sexo afetam o desempenho esportivo, bem como no ganho de massa muscular. Quando falamos sobre as diferenças relacionadas ao sexo, referimo-nos às distinções decorrentes da combinação de moléculas e hormônios, internos e externos, e características sexuais secundárias. Assim, do ponto de vista esportivo, essas diferenças possuem um impacto significativo no desempenho relacionado a diferenças fisiológicas.
Biologicamente, existem diferenças entre homens e mulheres que levam a diferentes respostas ao exercício, o que inclui as medidas antropométricas de altura, peso e massa corporal, massa gorda e massa muscular magra, cinética do músculo esquelético e composição do tipo de fibra, capacidades aeróbicas e anaeróbicas, termorregulação, concentrações de hemoglobina e níveis hormonais.
Sistema Cardiopulmonar
Para responder adequadamente ao estresse da atividade física, o controle dos sistemas cardiovascular e respiratório é fundamental! Vários ajustes fisiológicos ocorrem durante o exercício para atender a demanda do trabalho muscular, ou seja, a entrega do suprimento adequado de oxigênio e nutrientes é dependente de um aumento do débito cardíaco que aumenta o volume sistólico e a frequência cardíaca; a quantidade de hemoglobina no sangue; e a capacidade do sistema pulmonar de saturar adequadamente a hemoglobina com oxigênio.
Uma das vantagens presente no corpo masculino, é a capacidade de entregar maior quantidade de oxigênio e nutrientes para os tecidos, isso por conta do coração ser maior em comparação ao do sexo feminino, particularmente em relação ao volume e massa do ventrículo esquerdo, gerando assim maior débito cardíaco e volume sistólico.
Além disso, é observado durante o exercício físico, a vasodilatação periférica nos leitos capilares do tecido muscular, o qual leva à diminuição da resistência vascular sistêmica em ambos sexos. Atletas do sexo masculino, no entanto, apresentam menor diminuição dessa resistência, devido ao tônus simpático elevado e aos maiores níveis de epinefrina. Com essa maior atividade simpática, observa-se uma maior contratilidade cardíaca e um consequente aumento do volume sistólico e frequência cardíaca. Ainda, homens apresentam maior volume sanguíneo, maior glóbulos vermelhos circulantes e menor concentração de hemoglobina, perfil que favorece o ganho de massa muscular.
Ainda assim, homens possuem normalmente volumes pulmonares maiores e diâmetros mais largos das vias aéreas, o que resulta em maior capacidade de difusão pulmonar em repouso, capacidade vital e taxas de pico de fluxo expiratório.
Sistema músculo-esquelético
A maior sinalização de testosterona em homens leva a um maior volume muscular geral e fibras musculares maiores quando comparado com as mulheres, o que permite uma maior potência máxima. Além disso, também é observado um maior comprimento muscular, o que relaciona-se à maior capacidade de gerar uma contração forte.
Outro fator que influencia no ganho de massa muscular nos homens é a presença de maiores proporções de fibras do tipo II A, as quais são alimentadas pelo metabolismo aeróbio e anaeróbio, caracterizadas por contrações rápidas com alta geração de força e resistência à fadiga intermediária. Essa proporção de diferentes tipos de fibras, também é influenciada pela sinalização hormonal, bem como pelo treinamento físico.
Sinalização Hormonal
Os hormônios sexuais desempenham um importante papel nas diferenças fisiológicas entre homens e mulheres! Por exemplo, a alta expressão de testosterona nos homens estimula a hipertrofia do músculo esquelético e a síntese de fibras musculares do tipo II, o que aumenta a força e a velocidade final, conferindo uma vantagem atlética natural.
Quantidades mais expressivas de estrogênio presente nas mulheres, levam a um tônus simpático, pressão arterial e resistência vascular sistêmica de linha de base mais baixos quando comparado com homens. Consequência disso, é a melhora da saúde cardiovascular, mas uma limitação no aumento de massa muscular induzido pelo exercício como observado em homens. Além disso, as flutuações hormonais durante o ciclo menstrual podem impactar negativamente o desempenho no exercício físico e aumentar os riscos de lesão em atletas do sexo feminino.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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