Uma característica comum da modernização é a oferta elevada de alimentos industrializados, principalmente daqueles com um perfil calórico elevado, com altas concentrações de gorduras e açúcares. Assim, é evidente que um dos principais desfechos desse perfil alimentar é o excesso de peso, que gera um quadro inflamatório e maior dificuldade para o emagrecimento.
No perfil de sobrepeso e obesidade, os adipócitos se multiplicam em tamanho e quantidade para comportar a necessidade de maior armazenamento lipídico. Ao mesmo tempo, observamos um aumento na secreção de citocinas, depleção de oxigênio, necrose, aumento do recrutamento de células imunes e metabolismo de gordura desregulado, o que leva ao estado inflamatório de baixo grau. Por consequência, leva ao aumento desses marcadores de inflamação no organismo.
Esse perfil inflamatório pode desencadear vários processos prejudiciais, como a resistência à insulina e a leptina, as quais são muito importantes no processo de emagrecimento.
Resistência à insulina e emagrecimento
A insulina é um hormônio anabólico que causa acúmulo de glicogênio no fígado e nos músculos esqueléticos. Esse hormônio reduz os níveis de glicose no sangue, aumentando a captação de glicose pelos músculos e tecido adiposo, estimulando a oxidação da glicose e a glicogênese e inibindo a gliconeogênese e a glicogenólise.
Na resistência à insulina, a resposta das células à insulina é prejudicada em relação aos carboidratos, lipídios e proteínas, o que resulta em níveis elevados de glicose no sangue. Com isso, a resistência à insulina pode associar-se a uma dificuldade para emagrecer em algumas pessoas. O açúcar consumido, deixa de ser processado corretamente, perfil que contribui para o armazenamento lipídico.
A literatura mostra que a insulina tem um amplo espectro de efeitos nos processos metabólicos nos adipócitos, sendo considerada, portanto, um hormônio importante na regulação dos processos anti-lipolíticos. Assim, a deterioração da sensibilidade celular a esse hormônio ou o comprometimento da via da insulina, podem afetar o metabolismo do tecido adiposo.
Resistência à leptina e emagrecimento
A leptina é produzida pelos adipócitos e secretada diretamente na corrente sanguínea. Sua função, é de regular o balanço energético, pois atua centralmente suprimindo o apetite, reduzindo a ingestão alimentar e simultaneamente aumentando o gasto energético, contribuindo assim para a perda de peso.
Assim, a incapacidade da leptina de exercer seus efeitos anorexígenos em indivíduos obesos é definida como resistência à leptina! A concentração de leptina no plasma sob condições fisiológicas, aumenta junto com a massa gorda e diminui durante a perda de peso e dieta com baixo teor de gordura. Desse modo, a resistência à leptina pode aumentar a ingestão alimentar e simultaneamente diminuir o gasto energético, dificultando o processo de emagrecimento quando desregulada.
—
ARTIGO RELACIONADO
Qual a relação entre a gordura corporal e a inflamação?
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
Kojta, Iwona et al. Obesity, Bioactive Lipids, and Adipose Tissue Inflammation in Insulin Resistance. Nutrients, vol. 12,5 1305. 3 May. 2020, doi: 10.3390/nu12051305
Izquierdo, Andrea G et al. Leptin, Obesity, and Leptin Resistance: Where Are We 25 Years Later?. Nutrients, vol. 11,11 2704. 8 Nov. 2019, doi: 10.3390/nu11112704