A resistência à insulina é descrita como a incapacidade da insulina circulante de regular de forma eficaz a captação e a utilização da glicose pelos tecidos e órgãos sensíveis a ela. Em condições normais, o aumento de glicose sanguínea estimula a produção de insulina pelas células beta pancreáticas, associado à diminuição da produção de glicose no fígado. No entanto, os indivíduos resistentes à insulina não respondem a essa sinalização e, consequentemente, tem-se um aumento da produção hepática de glicose e da secreção de insulina.
O comprometimento da ação e secreção da insulina contribui para o aparecimento de sintomas que são característicos da síndrome metabólica, os quais aumentam de forma significativa o risco de desenvolver distúrbios cardiometabólicos. A literatura mostra que o sexo biológico tem uma importante influencia nesses distúrbios, sendo os homens mais suscetíveis a desenvolver em comparação com as mulheres na pré-menopausa. No entanto, essa proteção é reduzida à medida que os níveis de estrogênio diminuem! O que sugere que essa proteção feminina seja decorrente dos hormônios sexuais femininos, os estrogênios.
A literatura mostra a menopausa como um fator de risco potencial para o desenvolvimento de resistência à insulina independente da idade, e isso se deve à redução dos níveis de estrogênios circulantes. Em consonância com essa hipótese, foi observado que mulheres que tiveram a menopausa induzidas cirurgicamente tinham o risco aumentado de desenvolver resistência à insulina e a síndrome metabólica. Mais estudos clínicos mostram que mulheres que vivenciam a pós-menopausa são mais suscetíveis a desenvolver dislipidemia, aumento do peso corporal e tolerância à glicose diminuída.
Fica evidente que os distúrbios metabólicos, como a resistência à insulina, tendem a aumentar significativamente com o início da menopausa e a reposição hormonal feminina com estrogênio aparenta reduzir o aumento do risco! No entanto, existem resultados controversos sobre o efeito da terapia de reposição hormonal na homeostase da glicose e na sensibilidade à insulina, e isso pode estar relacionados pela diferença na população analisada, no tipo de regime hormonal usado na reposição, diferenças na forma de administração e diferenças na medição da sensibilidade à insulina.
Apesar dos resultados controversos, uma metanálise mostrou que o estrogênio exógeno traz uma melhora significativa na sensibilidade à insulina e uma redução do aparecimento de diabetes em mulheres que recebem terapia de reposição de estrogênio. Bem como o observado em uma análise transversal, a qual mostrou que a terapia de reposição hormonal trouxe alívio significativo em fatores etiológicos da síndrome metabólica, em mulheres com ou sem diabetes.
Em síntese, os estudos têm mostrado que a reposição hormonal confere uma redução significativa na sensibilidade à insulina e uma redução do aparecimento de diabetes em mulheres. Além de que, quando analisados os valores de HOMA-IR, usado para avaliar a resistência à insulina, após a terapia hormonal, observou-se uma redução.
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REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA
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Li, Saisai et al. Effects of hormone replacement therapy on glucose and lipid metabolism in peri- and postmenopausal women with a history of menstrual disorders. BMC endocrine disorders, vol. 21,1 121. 15 Jun. 2021, doi: 10.1186/s12902-021-00784-9