Você sabia que a obesidade é veículo para outras doenças?

A prevalência de sobrepeso e obesidade está aumentando em todo o mundo, sendo considerada a epidemia do século 21. A Organização Mundial da Saúde estima que mais de 1 bilhão de pessoas estão acima do peso, e destes 300 milhões são obesos. Sendo esse dado alarmante, pois a obesidade afeta a função de diferentes sistemas de órgãos, além de que o elevado índice de massa corporal está associado como um fator de risco para um conjunto crescente de doenças crônicas.

Dessa forma, a obesidade é considerada como um problema de saúde pública internacional e é definida como o peso corporal desproporcional em relação a altura, aliada ao acúmulo de tecido adiposo. O diagnóstico e tratamento dessa doença muitas vezes se torna difícil porque ela tem uma natureza multifatorial, ou seja, é uma combinação de fatores genéticos, epigenéticos, fisiológicos, comportamentais, socioculturais e ambientais que levam a um desequilíbrio entre a ingestão e o gasto de energia.

Além disso, os adipócitos são células secretoras metabolicamente ativas e potentes, capazes de liberar um grande número de adipocinas envolvidas na regulação do apetite, funções inflamatórias e imunes, glicose e metabolismo lipídico, homeostase cardiovascular e reprodução, entre outras importantes e funções fisiológicas. Dados que evidenciam que a obesidade pode se tornar veículo para outras doenças, como as descritas a seguir!

Diabetes Mellitus tipo 2

Por conta da inflamação de baixo grau característica da obesidade um desfecho que pode ser observado é a resistência à insulina, resultando em várias alterações fisiopatológicas como a menor extração de insulina pelo fígado, com aumento da produção hepática de glicose e diminuição da captação de glicose pelos tecidos. Enquanto nas células do corpo é observado uma redução da capacidade de ação deste hormônio, com isso os níveis circulantes de glicose se tornam elevados, caracterizando dois mecanismos importantes para o desenvolvimento do diabetes.

Assim, a literatura mostra uma correlação entre a obesidade e o diabetes mellitus tipo II, uma vez que à medida que que se aumenta a massa gorda, os níveis glicêmicos também se elevam, aumentando o risco de desenvolvimento da doença.

Doenças cardiovasculares

A literatura destaca a obesidade abdominal, determinada pela circunferência da cintura, como um marcador de risco de doença cardiovascular independente do índice de massa corporal.

Exemplo desse risco está na influência da obesidade sobre o desenvolvimento da aterosclerose. O processo aterosclerótico inicia-se na infância, com a ingestão de ésteres de colesterol pelas células espumosas dos macrófagos e sua deposição nas paredes dos vasos, resultando no espessamento da íntima arterial. A obesidade acelera esse processo por meio de mecanismos que envolvem a inflamação anormal devido ao desequilíbrio na produção de adipocitocinas, bem como com a resistência à insulina.

Síndrome metabólica

A síndrome metabólica é um grupo de fatores de risco cardiovascular. Isso integra um conjunto de fatores clínicos e metabólicos, incluindo adiposidade abdominal, dislipidemia, aumento da pressão arterial e aumento da glicemia de jejum. Ademais, estudos mostram que o diagnóstico de síndrome metabólica está associado a uma maior mortalidade geral.

Neoplasias

Existem muitos fatores bem estabelecidos para o risco de desenvolvimento de câncer, dentre eles estão a predisposição genética, radiação ionizante, uso de tabaco, infecções, dieta pouco saudável, consumo de álcool, estilo de vida sedentário e outras exposições ambientais, sendo a obesidade uma fator de risco estabelecido para várias doenças malígnas.

Dessa forma, mesmo que o papel da obesidade no desenvolvimento do câncer não esteja totalmente elucidado, as principais vias que ligam obesidade e adiposopatia ao câncer compreendem: a hiperinsulinemia, resistência à insulina e anormalidades do sistema e sinalização do fator de crescimento semelhante à insulina I; a biossíntese e a via de hormônios sexuais; a inflamação crônica subclínica de baixo grau e o estresse oxidativo; as alterações na fisiopatologia das adipocitocinas; os fatores decorrentes da deposição ectópica de gordura; o microambiente e perturbações celulares; os fatores que causam a interrupção dos ritmos circadianos e dos nutrientes da dieta; a alteração no microbioma intestinal; e os fatores mecânicos na obesidade.

REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA

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